segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Post para um amor platônico de Facebook

Estou olhando tua foto do perfil no Facebook. Você lê um livro bastante séria. Você é tão bonita que pensei, por algum momento, que tua foto do perfil fosse de algum seriado americano que não conheço. Mas é só você.  Procuro algum traço familiar, algo como uma tatuagem que signifique alguma coisa sobre teu jeito e sobre tua personalidade. Eu poderia me apaixonar por você. Poderia passar a noite no teu apartamento, poderia andar descalço até a cozinha, abrir a geladeira e tomar um gole de água fria direto da garrafa. Você também poderia se apaixonar por mim e eu contaria que escrevi esse post para você. E contaria que segui anonimamente teus sinais de fumaça. Contaria que te stalkeei. Nem teria medo de te contar tudo isso. E você finalmente leria aquele livro para mim. Vejo as fotos em que você foi marcada. Você é mesmo bonita. Estou olhando suas curtidas e acho que nosso gosto musical não combina. Olhei longamente alguns dos teus posts e vi um sobre feminismo. Só olhei. Não curti e nem comentei. Ele não dizia nada de muito importante, mas ele é um pedacinho de você, cada palavra escrita lá é um pouco de você, uma coisa que saiu das tuas mãos, que saiu da tua cabeça. Como um ar que saiu da tua boca e que posso respirar. Eu olhei tanto para esse teu post que quase me perdi dentro dele. Mas você não sabe disso, você nem me conhece, você nem sabe que eu existo. Pensei em comentar algo. Pensei em seguida que não iria adiantar nada. Eu poderia voltar para a cama depois de beber a água e te ver ainda dormindo e de olhos fechados, numa noite quase fria. Poderia sentir tua mão debaixo do cobertor. E pensaria que tudo começou quando vendo uma foto do perfil apanhei uma porção de enigmas, cataloguei distâncias (você mora em outro estado), segui teus rastros, farejei teus gostos. Quando você toda séria e linda segurou aquele livro naquela foto do perfil, eu me rendi, incondicionalmente. 


2 comentários:

  1. Los fantasmas desaparecen cuando dejamos de creerles.

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    1. Você já é o meu Mestre dos Magos, querido anônimo.

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