Os professores nos pedem trabalhos, artigos, teses e relatórios. Mas o que querem mesmo é comer o nosso cu. E comeriam. Se pudessem. Só não comem porque não podem. Não podem poque são velhos. O tempo deles é o do medo e dos prazos. A nosso tempo é da pele e da rapidez. A mão dos professores tentam. E quando tentam pensam em nossas bundas lisas. De vinte e poucos anos. E por mais que tentem, não conseguem. Eles veem nossas pernas nas nossas motos. E nossas tatuagens nos braços. Os professores não conseguem falar a nossa língua. Eles já perderam os dentes. Esqueceram as palavras. Não entendem as gírias. São lentos e nossas motos passam rápido. Eles perdem a chance de passar a mão. Na gente. As mãos dos professores não servem para nada. Já estão sozinhos, os professores. A fama de foda dos professores já acabou. Às vezes no escuro os olhos dos professores brilham. E eles imaginam uma putaria com os alunos de hoje. Com a gente. Com nossas motos e nossas tatuagens. E nossas bundas de vinte e poucos anos, quase nunca metidas. Às vezes nunca mesmo. Ou é mentira. E aí os professores ficam no escuro. Não desistem. Tentam apertar as nossas carnes. Às vezes um de nós os procura. Por bolsa. Por dinheiro, como sempre. Ou fama. Por dinheiro tudo bem. Mas os professores têm medo de um de nós matá-los. Por dinheiro, como sempre. Ou fama. Por dinheiro tudo bem. E alguma maldade. Por isso preferem andar escondidos pelas ruas. Enquanto observam nossas pernas nas motos. E nossas tatuagens nuas. E nossas bundas quase prontas. Com poucos pelos. E depois preferem voltar sozinhos para casa. Sempre sozinhos. No escuro. Com seus olhos que brilham. Pensando em nossas bundas. Olhos brilhantes e sozinhos. Os olhos dos professores não secam. E o desejo no brilho dos olhos podemos notar. Tipo um peixe se debatendo fora d'água. O último debater-se do peixe é a vontade de comer o nosso cu. E os olhos dos professores imaginam os nossos corpos sem escamas. Os professores nos olham e refazem o caminho do desejo. Tendo as mãos como mapas. E as peles pelancas que sobram. Querem voltar a respirar. Ter um último fôlego. Dar um último trago. Querem putarias no escuro. Velhos safados. Querem a mim e a você. Querem comer o nosso cu com nossas motos. Querem beijar e morder nossas peles tatuadas com caveiras. As bundas dos professores não existem mais. Não como o pau. Secaram e sumiram. Se existissem, as bundas dos professores suportariam o mundo inteiro. Só precisariam de um cuspe para ajudar. Seria cuspir e meter. Mas não existem. Se um de nós tentasse. Por muito dinheiro ou desejo. Por dinheiro tudo bem. Não conseguiria. Sob os olhos dos professores, nós estamos. No maior escuro. Os olhos lembram das putarias. E imaginam outras. Com a gente. Comigo e com você. Por cima, das lembranças. A gente de costas e eles por cima. E nunca o contrário. Por cima das motos, gemendo e uivando. Os gritos dos professores na hora da imaginação provam uma coisa. Provam que alguma coisa permanece. Que a putaria permanece. E com força. Permanece pelo menos na imaginação. Que é mais forte que o próprio corpo. Ou quase. Mais pelo menos que a agilidade das mãos e do pau. Porque as mãos e o pau morrem antes da imaginação nos professores. O pau e as mãos se esforçam e se debatem e se atrasam. Quase desistem. Nos professores o pau é mais velho que a imaginação. Sobre nosso cu. E motos. E tatuagens. E vinte e poucos anos. E agora no escuro os professores. Sem os cuspes de suas bocas. Sem a carne de suas línguas. Só com o brilho dos seus olhos. Querem comer o nosso cu virgem, ou quase virgem. Por uma só razão. Porque estão velhos. Só não comem porque não podem.
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