sexta-feira, 12 de julho de 2013

Emily Thorne da Cidade Baixa (entre Puntel e Plasil)

Quando você passou por mim, atravessou o meu corpo, como se eu fosse um fantasma, ou você uma miragem. Com um vestido vermelho, cabelos loiros e cacheados, tão bonita que parecia fazer parte da abertura de algum seriado americano. Enquanto isso, na Lima e Silva, as pessoas estavam se divertindo loucamente e, em algum canto da cidade, um leproso, na cama, atirava o dedinho na porta para chamar a enfermeira que estáva ao celular no corredor do hospital. 

Eu duvido da existência de indivíduos que vivem a vida intensamente e se divertem loucamente como Benjamin duvidava da existência do progresso na História com H maiúsculo. Como se mede a vida para se dizer que ela é vivida intensamente?  Existe um bafômetro para isto? Ressaca e fotos. Estou perdendo o foco, parece.

Eu não sei o seu nome, então vou te chamar de Emily. Emily você é tão linda, tão cheia de vida e de cabelos. Aceita comer miojo de galinha caipira comigo no almoço de domingo, Emily? Quando você se afastava, o formato do seu rosto se distorcia e você ia ficando cada vez mais bonita e bonita. Você é, talvez, a menina mais bonita que eu já vi na minha vida. 

Desculpe se estou enrolando, é que estou preocupado. As pedras que eu atiro pela janela não caem na cabeça de ninguém. Já penso em usar objetos mais pesados: tijolos, panelas, Estrutura e Ser. Algumas pessoas merecem Puntel na cabeça. Se eu conseguisse acertar Tugendhat já ficaria feliz. Mesmo Heidegger aqui do quarto andar já causaria algum traumatismo. 

Emily, sabe como eu ando me sentindo desde que te vi? Peixinho preso num aquário. 

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