nosso deserto, talvez, seja apenas a espera pela chuva. que demora, demora, demora, mas, quando chega, encontra as sementes mais fortes para florir. a melhor parte de atravessar um tempo seco é essa delicadeza em ver a vida morrer e depois recomeçar aos poucos. e então o deserto vira mar: campo de cores e flores fluindo por entre as montanhas. convidando o observador a juntar uma folha, dobra e dobrar e dobrar, até voltar à infância, quando qualquer papel virava chapéu, e, com mais uma dobra, temos um barquinho. e lançamos nosso barco frágil nesse deserto que agora é rio rodeado de flor. e ele flutua, flutua e flutua, como as nossas últimas esperanças.
da secura e do cinza, tenho certeza, se segue a chuva. que alivia o mundo de seu peso, alivia a nós mesmos de nosso próprio peso. como se as portas estivessem destravando por dentro. já agora, escuto daqui, cada flor sussurrando ao vento que trouxe a chuva: "Hier ist die Rose, hier tanze".
parece o fim do mundo, mas é só mais um começo.
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