quando você adormeceu
na primeira noite que passamos juntos
eu senti como se duas grandes asas
de um anjo se dobrassem sobre mim
fechei os olhos e dormi dentro do teu inferno particular
eu senti o ar que saia da tua boca
e compreendi finalmente a linguagem esotérica
desses pequenos deuses que sussurram segredos
através de olhos que se fecham em noites como aquela
eu segurei tua mão por baixo das cobertas
foi como segurar uma tocha ardente
naquela noite quente
eu entendi uma bela porção de enigmas
roubei teu fôlego e cataloguei distâncias
dormi séculos em dois instantes
e tu coube inteira nos meus braços
desde então farejo teu sono
diariamente sigo teus rastros
morrendo de medo de pedir para você voltar
(você volta?)
a tua voz já mora em meus ouvidos
o teu cheiro -- como chamas -- alastrou rapidamente
e quando você fechou os olhos
naquela noite de verão,
eu me perdi, incondicionalmente
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