segunda-feira, 28 de abril de 2014

Existe uma piada não muito politicamente correta de um português que vem andando por uma rua, vê uma casca de banana e fala: Ai, Deus, vou ter que cair de novo. Então não adianta ter medo. Afinal de contas, em algum momento tem que acontecer. Não é mesmo? E por que não dizer que muitas vezes nós torcemos para ser o quanto antes? Mas eu não posso falar por você, mosca morta, que tem mais medo do que vontade. Puro clichê, o medo. Estamos sabendo. Não, não olhe para o chão enquanto eu falo com você. Que algum idiota acredite nisso, tudo bem; mas não nós. E enquanto eu falo, você fica olhando para o chão como se tivesse derrubado alguma coisa. Juro que se pudesse ajudar a pegar, eu ajudaria. Mas uma coisa é fingir para os outros, outra coisa é fingir para mim. Outro fracasso, ou melhor: dois. Os dias passando e a certeza inesquecível de que não há em algum lugar um amigo, uma casa, um livro, nem mesmo um vício, que possa te fazer feliz. Mas eu estou falando dos pequenos fracassos. Porque o fracasso total já seria uma alegria. Nada me assusta mais do que uma série de pequenos fracassos. Nenhum grande o bastante para se lamentar, mas todos mostrando que há um padrão que os comanda. Você espera alguém? Não qualquer pessoa, mas uma que antecipe a sua fantasia e mostre que a realidade a supera. Que te dê a totalidade do cosmos. Alguém com seis braços, três olhos e dez tentáculos. Você continua olhando para baixo enquanto eu tento falar com você. Dê no que dê, desde de que dê em algo. Você é minha casca de banana. 

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