Desde que o li pela primeira vez, a Farmácia de Platão, de Derrida, é um dos meus textos preferidos na Filosofia. O filósofo defende lá que a tradição filosófica, desde Platão, sempre privilegiou a fala, a voz viva, e criticou a escrita como um fantasma, uma forma de expressão sem vida e alienada. A palavra escrita não pode transmitir com a mesma precisão do que a palavra falada, e por isso ela foi relacionada com o phármakon por Platão.
Phármakon, como mostra Derrida, significa remédio e veneno ao mesmo tempo. Esse sentido ambíguo do termo grego é o que me interessa. Aquilo que nos cura também nos mata. Aquilo que nos mata, em suas devidas doses, pode nos salvar. E o que por muito tempo nos salvou, é aquilo que acaba nos matando.
Você sempre será o meu phármakon, meu remédio e meu veneno, minha salvação e minha morte, a minha droga preferida.