segunda-feira, 27 de julho de 2015

O dia em que a orientação do profe Tim foi longe demais

XV Semana acadêmica do PPG em Filosofia. Greg apresentava seu trabalho sobre a desconstrução no Direito para em um miniauditório lotado de colegas, entre eles seu orientador, o profe Tim. O doutorando explicava calmamente suas profundidades no microfone da mesinha principal e todos davam ótimas risadas com suas anedotas contadas durante a apresentação, que poderia muito bem ser filosoficamente insignificante, porém era também bastante agradável de se ouvir.


-- Derrida, nooooossa, aquela lá lacrava demais hahaha. 

Todo mundo ria muito e se divertia. Greg não podia esperar para finalmente acabar o tempo da apresentação e começar o tempo das perguntas, só para ouvir os elogios rasgados camuflados de perguntas do seu orientador. 

Quando o mediador encerrou o tempo de apresentação e abriu para as perguntas foi dito e feito: lá estava o profe Tim com a mãozinha levantada pronto para fazer a primeira pergunta. 

-- Professor Tim irá fazer a primeira pergunta -- disse o mediador, passando o microfone de perguntas para o profe Tim. 

Greg se ajeitou na cadeira, deu um gole em seu copinho de água e pensou satisfeito: "me dei bem, elogia mais que ta pouco, profe". 

-- He he he, tudo bem, meu amigo Greg? Vejo que você está aqui hoje fazendo essa apresentação, na frente de todo o departamento...  - Tim percorreu todo o auditório com os olhos - Minha pergunta é bem simples, meu aluno: hoje depois das apresentações tu vai me levar pra jantar? 

-- Como assim, professor? Não entendi. 

-- Eu espero que tu me leve pra jantar pelo menos né, porque com uma apresentação dessas tu só pode ta querendo me foder. 

Os organizadores do evento lançam olhares desesperados um para o outro e Greg tenta se defender, sem jeito:

-- Pois é, professor, é que eu não sabia que o senhor estaria assistindo, senão teria preparado algo melhor...

O doutorando nem conseguiu terminar a sua resposta e o profe Tim já estava de pé na sua frente e, com um sorriso, apertava seu mamilo com um pouco de força e retrucando:

-- Me fala uma coisa aqui, seu merdinha. Só me explica uma coisa aqui, seu saco de bosta, seu liquidificador de porra. Me diz por que esse monte de estrume que tu chama de texto de filosofia não tem referência a Levinas e não tem nenhuma citação minha comentando Levinas? 

O espanto já tomava conta do auditório. Greg congelou. Seu texto de fato não tratava de Levinas e não citava o profe Tim uma única vez. Ouviu o auditório todo silenciar-se. Todos sabiam o que viria a seguir. Todos eram cúmplices das insanidades do profe Tim. 

-- Sabe o que, professor... É que nesse texto queria focar em Derrida sem misturar com Levinas... E eu não citei o senhor porque... porque... -- Nessa altura o mamilo de Greg já estava escuro como uma azeitona preta. 

Profe Tim largou o mamilo do seu orientando e começou a andar em círculos diante da platéia do auditório:  

-- Não tem Levinas então? Tu me faz sair da minha casa sete da manhã nesse frio pra chegar aqui e não escutar um ai sobre Levinas? É isso mesmo, seu estojo de pica? Tu quer que eu baixe a calça pra me fuder mais fácil? -- disse o profe fazendo de conta que iria tirar a cinta e baixar as calças. 

--Sabe o que é, professor, deixa te explicar...

-- Sabe qual é o problema, Greg? - interrompeu o professor com um grito -- O problema é que tu ta me fodendo ai e ainda nem me beijou na boca. 

O profe Tim pegou o copo de água do palestrante, afastou-se da mesa, deu um gole e atirou-o contra a parede, fazendo surgir uma chuva de cacos de vidro. Na platéia todos se abraçavam com medo. As orientações do professor Tim estava indo longe demais. 

-- Professor, hã.....

-- Cala a boca, seu arrombado. Me dá aqui esse texto, me dá aqui essa bosta de texto, Greg. Nenhuma linha sobre Levinas. NENHUMA LINHA SOBRE LEVINAS, CARALHO. Tu já botou o pau pra fora? Porque tu deve ta querendo comer meu cu né, só pode ta querendo me foder. Passa uma vaselina antes pelo menos né, irmão, Não mete no meu cu a seco assim que dói. PUTA QUE PARIU NENHUMA CITAÇÃO MINHA? NENHUMA?  

Com um chute fortíssimo o garoto-propaganda de Levinas no Brasil arremessou o texto do seu orientando para o outro lado do auditório. O professor Tim ainda começou a derrubar todos os equipamentos que estavam sobre a mesa, o que deixou todo mundo ainda mais assustado. 

--NÃO TEM ROSENZWEIG TAMBÉM NÉ, SEU CUSÃO? CLARO QUE NÃO TEM ROSENZWEIG! CLARO QUE UM FILHO DE UMA CADELA GORDA FEITO TU NÃO IA CITAR ROZENZWEIG. 

Enfurecido, o profe Tim partiu uma das cadeiras do auditório ao meio com uma joelhada. Soando muito, o levinaseano continuou:

-- "Olha só o profe Tim lá lá lá, ele só sabe elogiar, vou fazer qualquer merda aqui que ele aceita lá lá lá lá" foi isso que tu pensou né, seu bafo de pica? Me diz uma coisa, por que tu não larga a Filosofia e vai chupar um canavial cheio de rola? Custava me citar, Greg, custava? O que foi que eu te disse na nossa última orientação?

-- Pois, professor, eu pensei em citar o senhor...

-- Mas não citou né, seu bosta. Minha vontade é sair daqui agora e passar meu pau na maçaneta da porta do teu corra, seu filha da puta. 

-- No final acabei não citando...

-- PUTA QUE ME PARIU, GRAG. TU FEZ MERDA. TU CAGOU NO PAU, TU CAGOU BONITO NO PAU, TU ARRIOU AS CALCAS, SENTOU NO PAU E CAGOU BONITAÇO NELE. TU É UM MERDA. TU É UM CAGA PAU. O QUE EU FAÇO COM UM ORIENTANDO DESSES? ME DIZ, SEU FILHO DE UMA QUENGA. EU VOU CAGAR NA TUA GAVETA DE MEIAS, SEU MERDINHA. OLHA O QUE FAÇO COM UM BOSTA FEITO VOCÊ...

Profe Tim se projetava para cima de seu orientando para resolver tudo na porrada, porém foi interrompido pelo coordenador Agemir, que se colocou, como bom cristão, entre os dois; 

-- Escuta aqui, professor Tim. A gente é só colega, eu quase nem te conheço. Não batizei teu filho, nunca fui na tua casa, mas quero teu bem. Então me escuta: esse evento tu não vai estragar com tua vaidade fora do normal. Vai pra casa, Tim. Vai que é melhor. 

Observando seu colega nos olhos, Professor Tim deu algumas bufadas, caminhou de um lado para outro, e deu um soco certeiro na cara do coordenador Agemir, deixando-o desacordado na hora. Então Tim saiu do auditório mandando todo mundo se foder. Na platéia, professor Nytha abraçava professor Lipe, que já se derramava em lágrimas:

-- Calma, professor, ele foi embora. Acabou. O pesadelo acabou. 

Nisso entrou mais uma vez pela porta o profe Tim, dessa vez três vezes mais furioso e armado com um taco de beisebol. Ele apontou sua arma branca para Greg e disse:

-- Olha bem pra mim, Greg. Ta olhando, porra? Acho bom. Agora me diz com sinceridade: Que autorzinho o senhor vai citar no próximo trabalho? 

-- Hã...

-- RESPONDE, PORRA, TO MANDANDO!

-- Levinas....

-- LEVINAS E QUEM MAIS? QUEM?

-- Levinas e o senhor... 

Professor Tim juntou o texto do doutorando, balançou o papel  e disse:

-- E com esse texto aqui tu sabe o que vai fazer com ele? Tu vai enfiar ele no cu. Eu vou te botar de quatro e enfiar ele no teu rabo, página por página.

-- Professor, por favor, não precisa disso. Eu juro que vou cavar um buraco bem fundo lá na graminha e enterrar ele bem fundo. Ninguém nunca vai ler essa merda de novo. 

-- Isso mesmo, Greg -- disse Tim voltando a ficar calmo -- tu vai pegar uma pá e enterrar essa merda, mas não vai ser aqui, vai ser bem longe, que é pra garantir que nunca mais vou ver essa merda na minha vida.

-- Eu prometo, professor...

Abaixando o taco de beisebol, o professor caminhou lentamente até a saída do auditório. Diante da porta de saída, ficou em silêncio por alguns segundos para se acalmar. Após respirar fundo, virou-se novamente para a platéia e disse: 

-- O próximo orientadando que pegar hoje sem me citar, eu mato. Juro que mato.






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