quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O dia em que Derrida desconstruiu Foucault e descobriu que ele não era gay






Século passado. Paris pós-guerra. Uma reunião entre os mais importantes intelectuais franceses termina com apenas dois homens sentados à mesa. Eles são Michel Foucault e Jacques Derrida.

Foucault: Mas como eu estava lhe dizendo, Derrida, suas ideias são fantásticas. Queria ver a cara do Heidegger quando ele leu o seu artigo dizendo que o ser não é o que há de mais originário e que o próprio Heidegger na verdade não passaria de mais um metafísico.
Foucault dá uma gargalhada.
Derrida (rindo também): Agora aquele nazistinha sabe o lugar dele, não é?

Foucault assume um semblante sério e se aproxima de Derrida.
Foucault: Derri...Posso lhe chamar de Derri? Preciso lhe perguntar algo muito sério.
Derrida (também agora muito sério): Então me pergunte, Foucault. Não pode haver cerimônias entre nós da elite intelectual européia.
Foucault: Vamos cair na noite? Borá lá?
Derrida (muito surpreso): Cair na noite, Foucault? Como assim?
Foucault: Vamos pra zoeira. Eu tô ligado que você é da zoeira. Hoje a patroa me deu passe livre. Vamos beber, agitar, pegar umas menininhas...
Derrida (ainda mais surpreso): Patroa? Beber? Agitar? PEGAR MENININHAS? Mas você é gay, Foucault!
Foucault: Sou o quê?
Derrida: Gay, você é gay, Foucault.
Foucault: Eu não sou gay. Nunca fui gay. Quem foi que disse que eu sou gay?
Derrida: Todo mundo diz. Paris inteira diz, a França inteira diz, a Europa toda diz que você é gay. Você é gay, Foucault.
Foucault: Isso é um absurdo! Como eu nunca soube disso, Derri? Eu até sou casado!
Derrida (com surpresa): Você é casado, Foucault?
Foucault: Sim, e tenho dois lindos filhos.
Derrida: Mas então por que a gente nunca te vê com sua esposa?
Foucault: Eu sou discreto em relação a minha vida particular, Derri. Isso é ser gay?
Derrida: Claro que não, por Deus, Foucault!

Foucault (agora rindo): Você acha que eu sou gay apenas porque escrevi a História da sexualidade... Então você também acha que eu sou louco, visto que também escrevi uma História da Loucura?
Derrida: Não é só esse livro, Foucault. Todo o seu pensamento é gay. “Isso é um cachimbo ou isso não é um cachimbo?”, admita que isso é muito gay...
Foucault: Falou o cara da différence, “olha só como uma letrinha muda tudo blábláblá”....
Derrida: Não são apenas suas ideias, Foucault. Você por si só já é muito gay.
Foucault: Como assim?
Derrida: Veja suas roupas, esse cachimbo, seu chapéu...
Foucault: O que eles têm?
Derrida: São gays, Foucault, eles são muito gays.
Foucault: Mas isto é um absurdo, Derri! Quem compra as minhas roupas é a minha mulher.
Derrida: E onde ela as compra?
Foucault: Les Galeries Lafayette.
Derrida: É uma loja para gays, Foucault.
Foucault: Como assim? O que isso quer dizer?
Derrida: Quer dizer que vende roupas para pessoas gays, é isso que quer dizer.
Foucault (surpreso): Mas que coisa! Preciso avisar a minha esposa...
Derrida (com desdenho): Sim, avise a sua esposa...

Foucault: Eu estou lhe dizendo, Derri, eu não sou gay.
Derrida: Você é, sim, gay, Foucault.
Foucault (irritado): Pare de dizer que sou gay. Eu não sou gay!
Derrida (irritado também): Pare de dizer que você não é gay. Você é gay!
Foucault: Não sou, não!
Derrida: É gay, sim.
Foucault: Não sou, não!
Derrida: Você é gay e pare de negar!
Foucault: Eu não sou gay! Isso que dá sair por aí desconstruindo o outro. Você acha que todo mundo é gay!
Derrida (recuperando a calma): Todo mundo não, Foucault, só você, só você que é gay.

Foucault: Então todos pensam que eu sou gay, Derri?
Derrida: Sim, todos pensam que você é gay.
Foucault: Até na Alemanha?
Derrida: Até na Alemanha, Foucault.
Foucault: Mas que coisa triste! Agora eu estou preocupado...
Derrida: Não há nada de errado em ser gay, Foucault...
Foucault: Eu sei, mas acontece que EU NÃO SOU GAY!

Derrida: Mas, esqueça isso, onde você quer ir agora?
Foucault: Estava pensando na Avignon. Eu sempre vou lá. É muito simpático e divertido.
Derrida: Sério? Na Avignon?
Foucault: Sim, na Avignon. O que tem demais?
Derrida: A Avignon é uma boate gay, Foucault.
Foucault: Uma o quê?
Derrida: Uma boate gay.
Foucault: E o que é isso?
Derrida: É uma boate frequentada por gays.
Foucault: Uma boate frequentada por gays? Mas que conceito fascinante! Esse mundo pós-moderno não cansa de me surpreender, viu Derri?
Derrida: Estou vendo, Foucault.
Foucault: Estou confuso. Tenho certeza que vejo por lá muitas mulheres bonitas.
Derrida: São homens, Foucault. Homens gays que se vestem de mulheres. São chamados de travestis.
Foucault: Alguns homens gays se vestem de mulher? Que mundo incrível esse em que vivemos, meu amigo! 

Derrida (cansado): Escolha outro lugar, Foucault. Vamos sair rápido daqui.
Foucault: Está bem. Então vamos para o Le Queen.
Derrida: Outra boate gay, Foucault. Preste atenção no nome da boate, Foucault. Ele já é gay.
Foucault: Tudo bem. Estou começando a ficar muito confuso. Então, Derri, escolha você para onde vamos. E não escolha nada gay, certo?
Derrida: Certo, vamos para um barzinho aqui perto. É simples, porém é adorável. Podes ficar tranqüilo que os gays não costumam frequentá-lo.
Foucault: Para mim está ótimo. Quero ficar longe de tudo que é gay por uns tempos. Apenas vamos encontrar um amigo que está me esperando logo aqui perto. Ele é estrangeiro. Filósofo também. Brilhante. Um pouco rústico e másculo demais, eu admito. Porém já foi herói de guerra.
Derrida: Ótimo! Adoro encontrar com o outro. Como se chama este seu amigo?
Foucault: Wittgenstein.




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