quanto uma galáxia precisa envelhecer para que surja um pouco de vida? olhe para o céu, e a gente aqui, quanto nós ainda precisaremos envelhecer para finalmente estarmos mergulhados em um pouco de vida? ventos na areia, rios que passam sobre a pele, serpentes cósmicas. fogo princípio e desolação. há alguma coisa que não não sabemos o nome. por não conhecer.
quantas pessoas morrem, e a gente não sabe. tantas pessoas nascem e entram em nossas vidas. uma luz se acende no prédio da frente e se apaga, no apartamento ao lado ninguém vê os dias que passam, manhã tarde noite. um café, um passeio pelo centro. a gente não sabe o nome do vizinho, quem vive perto, quem vem de longe, as luzes que se apagam e que se acendem mais tarde no verão, esse calor, e há quem sinta frio e há quem não sinta nada e há quem diga eu desisto. quanta gente. quem sabe.
e esse vazio do que é feito? é silêncio? é mar? é busca? é ausência? é limite ou ponte? é a mão dada à minha para que eu não me perca. até que no escuro mais escuro, quando não houver mais diferença entre abrir e fechar os olhos, quando soltar a mão, a minha mão, e ouvir, de longe, sua voz: finalmente, vida.